segunda-feira, 26 de maio de 2014

Equipamento x viagem II

Em um post já meio antigo tratei do assunto equipamento x viagem. Muitos de nós, ao ingressar no mundo da fotografia, nos empolgamos e desandamos a comprar equipamentos, acessórios e quetais. Não foi diferente comigo e já desenvolvi minhas próprias estratégias para a fotografia em viagens.
Calhou que este ano surgiu uma chance de viajar de moto com um grupo de amigos para o Sul do país, mais especificamente às Serras Catarinenses e Gaúchas. Tudo muito legal, planejamento bem encaminhado, reservas feitas. Num determinado momento, lá no começo, lembrei-me da minha primeira viagem de moto, a Rio das Ostras, em 2012. Por várias razões, acabei registrando muito pouco do trajeto em si. Parei pouco para fotografar. Não vou entrar em detalhes, mas o fato é que aquela experiência me fez tomar uma decisão: vou fotografar o máximo que puder durante esta viagem. Para isso, levarei apenas a Panasonic Lumix. Na semana passada, ao conversar sobre isso com um amigo, saiu a discussão. Ele não entendia por que eu não levaria a Canon EOS 400D nessa viagem, afinal, as paisagens merecem fotos tiradas com uma câmera de boa qualidade - não que a Lumix não o seja - com boas lentes, etc.
Pois bem, por que levar a compacta e não a reflex? Ora, vou viajar de moto, veículo no qual o espaço/capacidade de carga são limitados e no qual a praticidade conta muito. Veja: imagine você chegando numa curva, no alto de uma serra. A paisagem que se descortina é indescritível. O que você faz? Para e tira uma foto. Se de carro estivesse, bastaria pegar a câmera, sair do carro e bater a foto. Estando de moto, você vai ter que parar, sair da moto, tirar o capacete, as luvas, abrir bolsas, pegar a câmera e bater a foto. Depois, refazer tudo e retomar a viagem. Com uma câmera compacta, que pode ir num bolso da jaqueta ou, no meu caso, numa bolsa de tanque bem à frente do piloto, bastará que eu tire apenas uma das luvas, pegue a câmera e, de capacete mesmo, tire a foto. A reflex não me permitiria isso - a 400D não tem a função de visualização pelo monitor. Isso sem falar no espaço necessário para carregá-la. Ainda que eu diminua o tamanho dela, o que foi sugerido pelo meu amigo, tirando a base vertical e escolhendo uma única lente para a viagem toda, a câmera ainda é volumosa. E os filtros? E acessórios de limpeza? E minha lente preferida para essa viagem seria a 24-70 f/2.8, que tem 82mm de diâmetro na lente. Um monstro. Para que ela viaje em segurança, eu teria que levá-la em sua própria bolsa. Como o espaço nas malas é muito restrito, essa bolsa teria que ser amarrada à moto, deixando-a mais exposta e criando uma preocupação a mais em paradas. Uffa!! Meu amigo foi ainda mais longe: leve as duas?? What??? Duas câmeras significa dois carregadores para levar.
Então temos aqui que a escolha da câmera para este tipo de viagem tem que ser racional. Se pudesse, levaria a reflex, com certeza, mas não vai ser o caso. Numa outra oportunidade, farei essa viagem de carro, e aí sim, equipamento completo a bordo.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O amor pela fotografia


Eu estava aqui, lendo o último post do Wells e pensando: eu adoro fotografar! De verdade! Tudo começou quando fui ao Vietnã pela primeira vez e tirar um monte de fotografias foi a maneira que encontrei para contar à família e aos amigos todas aquelas histórias fantásticas que estava vivendo. De lá para cá, muita coisa se passou. Já escrevi um tanto sobre minha trajetória e, ultimamente, muita coisa tem mudado. Parece que a fotografia está se consolidando mais em minha vida. Sou uma fotógrafa, já não tenho medo de assim me denominar.
Ainda assim, devo confessar que raramente saio com minha câmera para fotografar. Já faz quase 9 meses que estou viajando pela Ásia e minha viagem não tem propósitos turísticos, muito pelo contrário, de modo que não são muitas as ocasiões em que estou com disposição para perambular com equipamentos que, muitas vezes, acabam limitando minha mobilidade e minhas opções.
Mas sempre há aqueles dias em que olho pela janela e penso: "hoje é dia". O clima está bom, a luz está bonita, tenho tempo e tenho energia. Nesses dias, aciono a visão de fotógrafa, que vê tudo e todos como potenciais imagens a serem registradas, e saio tentando encontrar os melhores ângulos, o melhor contraste, um reflexo, um sorriso, ou o que quer que chame a minha atenção.
Essa é uma característica minha; não é sempre que tenho vontade de fotografar. Mas quando tenho, me entrego completamente. Outras pessoas gostam de carregar a câmera por onde quer que vão. Alguns necessitam de um monte de equipamentos, outros conseguem resultados incríveis com uma simples câmera compacta.
Seja lá qual for a característica de cada um, o primeiro passo é saber qual ela é para, assim, poder respeitá-la. Não adianta formar na cabeça uma ideia de como deve agir um grande fotógrafo e tentar seguir, passo a passo. Não há receita de bolo. Cada pessoa é diferente e a criatividade é exatamente a expressão dessas diferenças, dessas nuances, dessas sutilezas. Relaxar, em relação a si mesmo e às expectativas que temos, é o primeiro passo. Aceitar quem somos, nossas limitações e nossas características. Sair com a câmera apenas se comprometendo a fazer o melhor possível com o que aparecer; com o imprevisto; não se fixando a resultados. A autenticidade é o que faz um bom fotógrafo. Saber as técnicas e ter os equipamentos apenas viabiliza a expressão daquela imagem que temos em nossa cabeça, quando tiramos uma foto. 
Foi justamente a realização dessas diferenças e de como elas muitas vezes se complementam, que nos levou a criar este blog. O Wells sabe tudo sobre as técnicas e sobre os equipamentos; eu gosto de contar histórias, seja por meio de palavras ou de imagens. Ele tem uma mente que analisa mais o que será fotografado; eu tenho um componente mais espontâneo na minha forma de tirar fotos. Mas ambos amamos a fotografia e ambos conseguimos resultados muito bacanas ao longo do tempo.
Eu estava lhe recordando da primeira vez em que vi uma foto sua. Era uma foto da Ponte JK, em Brasília, em preto e branco, que ele havia imprimido para dar de presente a um amigo. Era linda! Me lembro de pensar: "esse cara sabe o que está fazendo".
Seja lá como foi que ele conseguiu aquela foto, aquele é o sentimento que deve servir de orientação para quando for sair com a câmera.
E agora que dei uma enxurrada de conselhos, não apenas ao Wells mas a todos que leem este blog, apenas me resta repetir: eu adoro fotografia!